“Padrão da Língua Portuguesa”
Nasceu o desafio de materializar os “Vultos do Atlântico”.
Desafios, são para mim, como o conceber. Depois é só deixar crescer…
Surgiram rostos que deram nome aos vultos, mas pouco depois
os meus vultos já não precisavam de ter aqueles nomes, porque muitos eram os
nomes que lhe cabiam e queriam estar, e afinal cada um de nós tem os seus próprios
Vultos a quem nomear.
Designei-os primeiramente como personagens da escrita da Língua
Portuguesa, mas logo, logo depois surgiram os tantos e tantos que também lá
queriam estar, os músicos, os pensadores, os arquitetos os fotógrafos, as
paisagens os amores, o mar…tanto mar.
Assim seres de faces esculpidas que podem ser a Sophia de
Mello Breyner, o Fernando Pessoa, como o Vinicius de Moraes, ou a Clarisse
Lispector, como qualquer outros que o nosso afeto e relação aí queira nomear e
lá colocar, fazendo-o vulto.
A coluna da Escultura Padrão, como vértebras encaixadas de
azul, profundo como o Oceano, por onde navegam como se barcos fossem, letras
sabiamente juntas, escritas com sentido poético, que se encontram, transportam
e cruzam tudo o que somos e nos une.
A base, quatro pés: a cultura, a língua, os afetos, os
valores; suporta poemas, canções, frases e silêncios que se tornam caminhos,
pontes e razões entre estas duas margens deste grande rio de água salgada.
Padrão da Língua Portuguesa, é afinal um padrão imaterial,
sempre com vontade de recomeçar, de se redescobrir constantemente. A língua, É
cada um de nós que lhe dá vida, sentidos, afetos, músicas, valores…que todos os
dias tem sabores diferentes
A Língua, recusando acordos e formatações que lhe cortam a
vontade de voar e de crescer. Quer cada vez juntar-se de forma diferente e
sempre novo….Redescobrindo-se constantemente como Ser Vivo Imaterial que é.